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sexta-feira, 28 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Diálogo entre Ricardo Reis e Sofia de Mello Breyner Andresen
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa Vem Sentar-te Comigo, Lídia, à Beira do Rio |
Sophia de
Mello Breyner Andresen
HOMENAGEM A RICARDO REIS
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Vem
sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento — Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. |
Não
creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós
perdido possa regressar
Que
adiámos colher.
Cada
dia te é dado uma só vez
E no
redondo círculo da noite
Não
existe piedade
Para
aquele que hesita.
Mais
tarde será tarde e já é tarde.
O tempo
apaga tudo menos esse
Longo
indelével rasto
Que o
não-vivido deixa.
Não
creias na demora em que te medes.
Jamais
se detém “Kronos” cujo passo
Vai
sempre mais à frente
Do que
o teu próprio passo
Escuta,
Lídia, como os dias correm
Fingidamente
imóveis,
E à
sombra de folhagens e palavras
Os
deuses transparecem
Como
para beber o sangue oculto
Que nos
tornou atentos.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2014
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Carta sobre a Felicidade (ou carta a Meneceu)
Epicuro
Tradução de Desidério Murcho
Epicuro a Meneceu, saudações.
"Que nenhum jovem adie o estudo da filosofia, e que nenhum velho se canse dela; pois nunca é demasiado cedo nem demasiado tarde para cuidar do bem-estar da alma. O homem que diz que o tempo para este estudo ainda não chegou ou já passou é como o homem que diz que é demasiado cedo ou demasiado tarde para a felicidade. Logo, tanto o jovem como o velho devem estudar filosofia, o primeiro para que à medida que envelhece possa mesmo assim manter a felicidade da juventude nas suas memórias agradáveis do passado, o último para que apesar de ser velho possa ao mesmo tempo ser jovem em virtude da sua intrepidez perante o futuro. Temos portanto de estudar o meio de assegurar a felicidade, visto que se a tivermos, temos tudo, mas se não a tivermos, fazemos tudo para a obter."
http://criticanarede.com/meneceu.HTML
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